29 de mai. de 2011

Rio

07/03/2011
Toda noite escutamos gemidos, gritos e brigas. Ficamos entre quatro paredes de um quarto com baratas de praia e uma cortina com manchas vermelhas e brancas com furos de cigarro. A cortina tem uma cor verde musgo, tem cheiro de mofada, como se o mundo tivesse defecado nela.
Estamos nessa viagem inteira transitando por momentos de pura ilusão e realidade crua.
Andando nas ruas de carnaval, só eu e ela, num beco cheio de casas antigas, fomos surpreendidas por duas crianças jogando confetes verdes, no céu uma garoa leve. Gente, o tempo inteiro, gente de verdade. Na porta de metal com letreiro vermelho escrito HOTEL, duas travestis senhoras reclamando da ‘guarda-chuvada’ que uma delas havia recebido. O cabelo parecia peruca, a sobrancelha bem marcada e lábios largos, vermelhos. Subindo as escadas, num portão verde de ferro,(sempre vamos correndo para o quarto para ninguém nos ver). Os quartos ao lado fazem parte do nosso imaginário, só ouvimos suas vozes. Varias. Queremos ser invisíveis, por medo, por não querer ver uma realidade tão distante da nossa, ou por agirem de forma preconceituosa com a gente.
Vestimos-nos de palhaço com bigodes e fomos para LAPA.

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