17 de jun. de 2011

revirada

olhar o mundo de cabeca para baixo. Como se equilibrar quando tudo esta em outro angulo. Nao e preciso tanta forca, nao e preciso tanto esforco, e so enxergar de outra maneira. Eu que sempre estive com as bases firmes no chao, pronta para saltar ou me equilibrar em uma sapatilha pronta por piruetas. O desafio esta ai, olhar ao contrario. Buscar essa tranquilidade do outro lado , eu sei e preciso encaixe, concentracao.Pisar no novo ou nao pisar, da medo.
Meu corpo hoje acordou em pedacos. Tenho a sensacao que meus orgaos, musculos e ossos, tudo esta em outro lugar. Como se alguem com grandes maos amaciasse uma carne que estava dura, sempre na primeira posicao. Me sinto mole e fora de estrutura, apesar de nao conseguir dobrar as pernas para me sentar.
Um movimento que parece tao leve e para mim exige tanto esforco. Entortei as pernas, mas senti meu corpo vivo, energia pulsando ate as 22 da noite.
Na parada de onibus as 18:00, minha visao estava turva ainda... Aquela sensacao de estar com a cabeca para baixo me seguiu o dia todo. Enxergava minhas alunas em outro tempo, as pessoas todas estavam em outra densidade, com outro peso. Tudo flutuava, nada era firme. Mas como deixar a base firme, se meus pes estao no alto e minhas maos estao no chao . Minha cabeca e meu pescoco suspensos.
Arriscar, aceitar o desequilibrio como parte do equilibrio. Assumir, cair, se jogar e rolar nesse lugar que machuca, que mata nossas raizes, que desconstroi. Nao existe lugar certo, a cabeca nao tem que ficar sempre em cima do pescoco e nem os pes tem que estar sempre no chao.

sem correcoes
Audrey II

Juras em Junho

Juras em Junho 24/5/2005 05:37
Outro dia estava eu pintando algo que me pareceu cubista, quando derrepente
o som ligou sozinho e começou a tocar o nosso querido ALFRED LESLIE aquela
composição:"Jack-in-the-box". A dita cuja.
A composição que acharam após sua morte atrás do piano...sabem? Pois bem, eu

naquele orgasmo pleno de sentimentos extra-sensoriais me deitei e comecei a
viajar.

E não é que o cara apareceu do meu lado? Juro! Aquele velinho com cheiro de
livros velhos e vinho avinagrado.Estava na minha cama, do meu lado,nào falei

nada. Absolutamente. Tão pouco ele. Ficamos lá só ouvindo sua composição e
admirando as profundezas existentes em nossa memória. Foi isso. ao acabar a
música ele disse:
Bom pra Caralho e foi nessa...

6 de jun. de 2011

Para Collete

Para Collete
Encontro os pequenos prazeres diarios. Sem voce, e dificil, mas eles existem. Saindo da sua casa ontem, vendo seu rosto cheio de magoa e rancor eu pensei : porque ela faz isso? Como se um mar estivesse sempre dentro dela, cheio de ondas arrebatadoras de lembrancas que atormentam seus olhos, seu corpo nu. Nao consegui te transformar, e isso e bom e ruim para voce e para mim. Que responsabilidade louca essa de voce transformar alguem, quase uma responsabilidade tiranica.Porque as coisas se transformam por si so. A natureza tem essa forca, a gente nao precisa fazer nada. O tempo cura tudo...nao sei, na verdade. Acho que o tempo constroi e desconstroi nossas historias, nada tem um fim, nada se cura, e ai e que esta a beleza. Eu sou uma pessoa desapegada, nasci assim, eu sei. Interpreto pelo prazer de descontruir, e pelo prazer de saber que nada e realmente como pensamos. Pensar por todos os angulos, me deixa cheia, cheia de mim, porque eu nao sou nada.
Nao sou PORRA nenhuma , nao sou uma mulher linda, nao sou o que todos querem, nao sou a perfeicao. Posso aparentar isso para as pessoas.
Ontem, ele magro, e de oculos saiu da sua casa logo depois de mim, e disse: Ela me deu um pe na bunda ja, e eu sofri tambem, e foda. E eu respondi: Nao, a culpa nao e dela , nem de ninguem. Eu entendo o seu desespero, ela e egoista e tem medo, assim como eu. Ela nao e minha, e eu nao sou de ninguem.Vou morrer sozinha,mas cheia de tudo tambem. E ele disse : Nossa eu queria ter a sua maturidade emocional, eu entendo tudo o que voce fala so que racionalmente, nao consigo sentir assim.
Nao, nao sou fria, talvez eu seja CRUA
Lembra quando voce me disse que eu era ingenua. Nao , eu nao sou ingenua, sou crua. Eu flutuo entre os momentos , unicos, que me fazem a cada momento como um bloco de paginas em branco, e a cada pagina estou pronta para ser desenhada,cuidada, amada, amassada, estuprada e jogada fora.E essas paginas vao sendo viradas pelas pessoas, pelo mundo, por mim, pelas minhas maos CRUAS.
Ontem eu fui na fonte, e vendo a forca da agua, lembrei da nossa viajem para o rio. Foi um caixote.E a agua e tao pura, deliciosa, perfeita, fragil, mas dura e forte. Acho que voce pode nao me amar, ou as vezes ate me odiar, ou ate se assustar. Eu te causo conflito, assim como eu causei em todas as pessoas que me relacionei. O problema e pensar: Como essa menina, consegue aguentar, toda a rejeicao, toda a provocacao, toda forma de fazer dor e se portar como algo intocavel, perfeito que nao se quebra?
Seu sonho era me ver quebrar, a perfeicao e ruim , incomoda.
Todos acham que nao quebro, como uma boneca de plastico, uma boneca barbie. Ja digo, isso e mentira, eu quebro e ninguem nunca percebe. Quando quebro nao preciso espatifar no chao com sons estridentes, estou mais para uma boneca de papel, livre que nao faz questao de gritar e sim voar.
A liberdade tambem assusta, eu sei. Desejamos tanto a liberdade, mas no fundo lutamos para estar protegidos, presos a algo que nunca vai nos deixar. Essa liberdade confunde, mas de fato e a unica coisa que temos.
Eu nunca vou estar no corpo de ninguem ( mas se pudesse fazer um pedido para genio do aladim seria: Por favor , eu quero entrar dentro do corpo daquela pessoa, da sua mente, eu quero conhecer. De nenhuma pessoa em especial, mas de todas.) Talvez seja essa minha tentativa de vida, e como sei que de fato nunca vou conseguir , acabo como uma atriz.
O caderno do meu corpo guarda suas lembrancas e todas as paginas escritas de forma especial e cruel. E anseia por paginas novas, e sem esperar nada delas, nem fisicamente, nem sentimentalmente, nem por telefone, nem pelo seu desprezo, ou esquecimento. So espero, CRUA.

Audrey II
* sem correcoes